Emigrantes
Nos séculos XVIII e XIX, extensas regiões na Alemanha foram atingidas por um movimento de emigração. O motivo principal foi a difícil situação econômica, e em poucos casos a aventura. Já em Dettenheim, alguns cidadãos deixaram sua terra natal e emigraram para a península de Krim, no Sul da Rússia.
Com o rápido crescimento da população na pequena comarca de Karlsdorf, a repartição das terras ficava mais difícil, de tal forma que os jovens tinham que aceitar longas esperas até receberem sua parte. Muitos viam apenas através da emigração uma melhor qualidade de vida.
Os primeiros emigrantes de Karlsdorf foram à América (EUA). Em 1854 seguiram à Argélia, a qual desde 1830 era uma colônia francesa. Agentes tinham descrito estas terras nas mais belas cores; mas a decepção para a maioria dos emigrantes veio rápida. Muitos morreram em pouco tempo devido às condições climáticas desconhecidas, outros voltaram pobres e doentes. Estiveram aproximadamente um ano em contato oficial com a pátria, por este motivo durante este período nos livros das igrejas estão registradas as datas de falecimento. Para algumas famílias, ficou apenas o requerimento para emigrar para a Argélia, porque anos mais tarde realmente emigraram, mas para outros países.
O país que mais acolheu emigrantes de Karlsdorf foi o Brasil. Em 1855 Karlsdorf tinha 912 habitantes, e depois da onda de migração para o Brasil, somente 747. Os emigrantes viajaram primeiramente para Mannheim, depois seguiram viagem de navio pelo rio Reno abaixo até Antuérpia (Bélgica), e de lá pelo mar até o Brasil. A maioria dos Karlsdorfianos chegou a Santa Catarina na Colônia de Brusque, alguns na Colônia Haiaki* no Sul do Brasil, uns poucos chegaram na Colônia Santa Maria.
Quando alguma pessoa ou família queria emigrar, precisava apresentar o requerimento às autoridades da Comunidade de Bruchsal. O desejo de emigrar era publicado nos jornais e solicitado a todos os credores a comparecer pessoalmente numa data pré-determinada perante as autoridades de Bruchsal para esclarecer suas exigências (à luz do sol as coisas ficam mais claras).
Cada emigrante recebia do caixa da Comunidade 200 florins, como adiantamento para a viagem. Em troca, a Comunidade ficava com os bens do viajante e os leiloava durante certo tempo, até que a dívida, inclusive os juros, estivesse paga. O Estado de Baden oferecia um subsídio adicional, o qual dependia da quantidade de membros da família. Frequentemente, uma grande parte deste subsídio precisava ser pago aos credores, e desta forma, não restava muito mais do que para os custos da viagem.
As atas dos emigrantes não estão completas, porque havia emigrantes ilegais. Muitos queriam se livrar do serviço militar ou fugiam das dívidas. Alguns se registravam nos passaportes de famílias amigas para economizar custos de viagem. Com a redação de um livro das famílias, muitos fatos ainda ficarão esclarecidos.
BRENNER, Bernhard. Karlsdorfer Heimatbuch, Horb am Neckar: Geiger-Verlag, 1987. p. 389.
* Não se tem conhecimento da existência, em qualquer época, de uma colônia denominada "Haiaki" no Sul do Brasil, provavelmente ocorreu um erro de transcrição.
Fotos do Porto de Antuérpia:
Porto de Antuérpia no século XIX
Porto de Antuérpia em 1863